terça-feira, 11 de dezembro de 2012

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O Sino

O Sino 
 
O sino da minha aldeia, 
Dolente na tarde calma, 
Cada tua badalada 
Soa dentro de minha alma. 

 E é tão lento o teu soar, 
Tão como triste da vida, 
Que já a primeira pancada 
Tem o som de repetida. 

 Por mais que me tanjas perto 
Quando passo, sempre errante, 
És para mim como um sonho. 
Soas-me na alma distante. 

 A cada pancada tua, 
Vibrante no céu aberto, 
Sinto mais longe o passado, 
Sinto a saudade mais perto. 

Fernando Pessoa

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