Laços de Família
Estes laços, às vezes, nos prendem, nos sufocam, tornando-nos prisioneiros de um círculo vicioso do qual não podemos, não queremos, não temos coragem para nos libertar.
São grilhões fortes, inquebráveis, passados de geração em geração, sempre em nome do amor.
Mas que amor é esse que nos sufoca, que não nos deixa crescer? Que amor é esse, cheio de cobranças, repleto de travas e crises de consciência?
Que amor é esse do qual queremos estar livres mas que, ao mesmo tempo, necessitamos ter?
Laços de família...
Laços de sangue...
Laços de espírito...
A palavra já mostra o seu significado por si só: "LAÇOS".
Por laço compreende-se que algo ou alguém está amarrado, subjugado, preso a alguma coisa. E este laço vai-se tornando cada vez mais apertado, até quase chegar ao ponto de sufocamento do ser.
Mas como desatar esse laço e tornar-se um ser livre? Eu não sei...
Quantas vezes quedei-me a pensar como cortar o cordão umbilical sem magoar ou ferir a ninguém. Nunca encontrei uma solução...
Cresci sentindo-me preso, sufocado e vislumbrando a vida através daqueles a quem chamamos "família".
Casei-me, formei um outro núcleo, com esposa e filhos. Olhava para eles e os associava a pequenos elos de uma enorme, forte e gigantesca corrente.
Um elo dentro do outro, um elo sem conseguir desprender-se do outro.
E como com tudo em nossa vida quando tentamos nos rebelar, mas não temos coragem para tanto, amoldei-me, acomodei-me, conformei-me com o fato.
Desisti de pensar em lutar, desisti de pensar em fugir, em desaparecer.
Aquietei-me num canto. A princípio revoltado, depois cada vez mais conformado e... DESISTI!
Hoje, arrependo-me profundamente de ter passado a vida olhando-a sob o prisma do negativismo.
Eu não era um ser preso, eu era um ser livre como o sou hoje em dia. Eu não estava acorrentado pela minha família, eu mesmo, por covardia, fechei os elos da corrente de uma forma muito forte. Eu mesmo apertei os laços que me uniam a eles, de maneira a que nenhum deles conseguisse soltá-los.
Por medo, por covardia, achava mais fácil culpá-los por sentir-me sufocado quando, na realidade, o déspota era eu. Pois em nome de algo que nunca tive coragem para fazer, pela dualidade de vontades, atei-me a eles e os acusei de algozes da minha liberdade. Porém, meu único algoz, fui eu mesmo. Ironia do destino só alcançar esta compreensão depois de "morto".
Mas, felizmente ou infelizmente, alcancei-a e percebi que não era eu o subjugado - eu era o algoz, o comandante, o carcereiro.
Laços de família! Desatem os nós, afrouxem estes laços, não queiram ser donos de ninguém e nem permitam que alguém os possua.
Todos nós somos seres livres, basta termos coragem de enfrentar, cara-a-cara, frente-a-frente esta liberdade, sem procurarmos nos esconder atrás do laços familiares.
João Evangelista Cardoso
lindo veio na hora certa para mim
ResponderExcluirAlessandra
Que Bom amiga...Volte sempre.
ResponderExcluirDesculpa pela demora em aceitar e responder seu comentário...
Beijos.
Guerreira do Águia