segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
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Em busca do Boi
Conta uma história da tradição budista
que um monge entrou em um vilarejo
montado em um boi,
e os habitantes da vila lhe perguntaram
onde estava indo.
Ele então respondeu que estava em busca de um boi.
As pessoas se entreolharam, intrigadas,
e então começaram a rir.
O monge se foi.
No dia seguinte, de novo montando um boi,
o monge voltou ao vilarejo.
E de novo as pessoas lhe perguntaram
o que buscava.
"Procuro um boi",
foi novamente a resposta.
Outra vez o monge se foi,
em meio ao riso de todos.
No terceiro dia o fato se repetiu:
"o que busca?"
e o monge, montado no boi,
disse ser um boi o que buscava.
Só que a piada já perdera a sua graça
e as pessoas protestaram,
dizendo: "olhe aqui, você é um monge,
supostamente uma pessoa santa, sábia,
e mesmo assim você vem aqui à procura de um boi quando, o tempo todo,
é sobre um boi que você está sentado."
Ao que replicou o monge:
"também assim é a sua procura de Deus."
E assim é conosco.
Tantas e tantas vezes saímos em busca de algo
que estava conosco o tempo todo,
sem que nos déssemos conta.
Achamos que a nossa realização
está em outro trabalho, outra profissão,
outra família, outros amigos...
e chegamos por vezes a partir
em uma busca inútil,
quando se olhássemos
com um pouco mais de atenção
- talvez com um pouco mais de boa vontade
- para aquilo que já temos,
descobriríamos que o " boi"
que tanto procurávamos,
estava nos carregando todo o tempo.
É preciso olhar para frente, sim,
traçar metas, segui-las.
Mas sem perder a noção do potencial de realização
e felicidade que esta bem aqui,
na nossa realidade presente.
Se você aprender a olhar para sua própria vida,
pode descobrir que sua esposa, ou seu marido,
ainda conserva muito daquilo que fez você
se apaixonar há 10, 20, 50 anos.
Que sua profissão continua tendo muito em comum
com suas ideias de vida
- apesar de seu desgaste, de seu cansaço.
Que seu trabalho ainda guarda chances
e as perspectivas que tanto prometiam.
Estão apenas um tanto encobertas
pela poeira do tempo que passou,
enquanto você esteve ocupado demais
para aproveitá-las.
A felicidade precisa ser perseguida.
Mas muitas, muitas vezes, sofremos e choramos sentados sobre ela.
(Autor desconhecido)
Em busca do Boi
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Escolhas
Conta a lenda, que em um mosteiro budista
existia um canteiro de areia.
Localizado no átrio central,
a superfície do canteiro era mantida impecavelmente lisa por um grupo de acólitos.
Portando rastilhos de bambu,
com cerdas finas como fios de cabelo,
estes se sentavam em torno do grande tanque de pedra, atentos a qualquer alteração no nivelamento arenoso.
Seu trabalho era constante,
pois além das alterações climáticas,
o canteiro sofria diariamente mudanças com um dos exercícios de meditação característico daquele mosteiro
e diariamente exercitado pelos discípulos:
cruzar lenta e concentradamente, descalços,
o quadrado de areia.
Pelo menos uma vez por dia,
cada monge fazia este trajeto.
Caminhava contrito até a entrada do canteiro
com os olhos focados neste,
respirava profundamente e depois pé ante pé,
com o maior cuidado,
realizava a travessia.
Chegando ao término de sua jornada,
invariavelmente olhava para trás,
para as pegadas que marcavam a sua trajetória
e com um suspiro de leve desapontamento,
voltava as costas para o grande tabuleiro
e afastava-se para o interior do mosteiro.
Todos repetiam a prática, ano após ano
e década após década.
O objetivo da meditação era avaliar
o quanto de poder detinha cada praticante
sobre seus atos, palavras e pensamentos,
de maneira a que não produzissem um único desdobramento kármico sequer.
Este domínio sobre o karma era naturalmente transferido para o caminhar do acólito,
permitindo-lhe atravessar o canteiro de areia
sem deixar pegadas.
Assim são as nossas escolhas.
Cada palavra proferida, pensamento emitido
ou ação executada tem um poder imenso na construção do nosso futuro.
Podemos mesmo dizer que nosso destino
é construído e modificado diariamente,
influenciado pela qualidade das nossas escolhas.
(Autor desconhecido)
ESCOLHAS
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A parábola da rosa
Fazemos planos de felicidade,
desejamos colher flores perfumadas e,
quando percebemos os desafios que se apresentam,
logo desistimos e o nosso sonho não se realiza.
Os espinhos são exatamente os desafios que se apresentam para que possamos superá-los.
Se encontramos pedras no caminho é para que aprendamos a retirá-las e, dessa forma,
nossos músculos se tornem mais fortes.
Não há como chegar ao topo da montanha
sem passar pelos obstáculos naturais da caminhada.
E o mérito está justamente na superação desses obstáculos.
O que geralmente ocorre é que não prestamos muita atenção na forma de realizar nossos objetivos e,
por isso, desistimos com facilidade
e até justificamos o fracasso
lançando a culpa em alguém ou em alguma coisa.
O importante é que tenhamos sempre em mente
que se desejamos colher flores,
temos que preparar o solo,
selecionar cuidadosamente as sementes, plantá-las, regá-las sistematicamente e, só depois, colher.
Se esperamos colher antes do tempo necessário,
então a decepção surgirá.
Se temos um projeto de felicidade,
é preciso investir nele.
E considerar também a possibilidade
de mudanças na estratégia.
Se, por exemplo, desejamos um emprego estável, duradouro, e não estamos conseguindo,
talvez tenhamos que rever a nossa competência
e nossa disposição de aprender.
Não adianta jogar a culpa nos governantes
nem na sociedade, é preciso, antes de tudo,
fazer uma avaliação das nossas possibilidades pessoais.
Se desejamos uma relação afetiva
duradoura, estável, tranqüila, e não conseguimos,
talvez seja preciso analisar ou reavaliar
nossa forma de amar.
Quando os espinhos de uma relação aparecem,
é hora de pensar numa estratégia diferente,
ao invés de culpar homens e mulheres
ou a agitação da vida moderna,
ou simplesmente deixar a rosa do afeto morrer de sede.
Há pessoas que, como o homem que deixou a roseira morrer,
deixam seus sonhos agonizarem por falta de cuidados ou diminuem o seu tamanho.
Vão se contentando com pouco
na esperança de sofrer menos.
Mas o ideal é estabelecer um objetivo
e investir esforços para concretizá-lo.
Se no percurso aparecer alguns espinhos,
é que estamos sendo desafiados a superar,
e jamais a desistir.
Quem deseja aspirar o perfume das rosas,
terá que aprender a lidar com os espinhos.
Quem quer trilhar por estradas limpas,
terá que se curvar para retirar as pedras
e outros obstáculos que surjam pela frente.
Quem pretende saborear a doçura do mel,
precisa superar eventuais ferroadas das fabricantes,
as abelhas.
Por tudo isso, não deixe que nenhum obstáculo impeça a sua marcha para a conquista de dias melhores.
Autoria desconhecida
A parábola da rosa
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
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O Sino
O sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.
E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa
O Sino
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
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Filhos do Sol
Aqui, por águas frias
Na noite escura
Em meu pequeno barco solto ao vento
Sigo em busca de pequenas alegrias...
Da alma, fugir a secura
Encontrar-te nalgum pensamento:
“Eis me aqui,
Pai, perdido ao mar
Eis me aqui, o teu rebento
A aflorar”
Faz tempo que embarquei
Do último Farol no qual morei
Desde então, segui na escuridão...
De tua antiga luz, restou-me a lua
A refletir toda a imensidão
Todo o amor do teu Oceano:
“Eis me aqui,
Pai, navegando ao mar
Encharcado em meio ao teu coração”
Na longa viagem
Ao próximo Farol
Encontrei alguns outros barcos
Saudosos de tu, ó Sol
Nalguns deles me ancorei...
Na mais terrível tempestade
Orávamos sussurrantes ao rei
Evocávamos a tu, ó semelhante
O que vive além de toda idade
Assim que mesmo quando as ondas tristes
Ameaçavam quebrar o casco
E nos arrastar a margem
Nós o víamos na superfície:
“Eis nos aqui,
Pai, juntos na viagem da vida
Eis nos aqui, tua própria imagem
Tua própria luz feita ser
A trafegar pelo
Oceano do Mundo
Que é ti
Eis nos aqui, os Filhos do Sol
A caminho do próximo Farol...”
raph’12’A.’.A.’.
Filhos do Sol
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Reflexão
I.
Por muito tempo busquei o amor
Por muito tempo dele procurei
Nos recândidos do mundo
Perguntando a mim mesmo
De algo que jamais saberei
Agora, em silêncio profundo
Basta-me saber da lei:
Quero é ser o amor
Como a abelha é parte da colméia
Quero é viver o amor
Como só tu o soube
Ò rabi da Galileia
II.
Eis me aqui neste templo mental
Cercado de anjos e velhos pretos
Dançando ao toque
Do tambor ancestral...
Agora, em silêncio profundo
Basta-me imaginar ao sol
A iluminar divina cachoeira
– Um longo rio a desaguar
No mais belo jardim
Quem lá esteve, sabe que é assim:
O Éden não foi, nem será...
Em nossa volta
Na mente plena de paz
Tudo apenas é
III.
Por muito tempo busquei a luz
E, partindo de mim
Tal qual raio, a projetar
Até que um ser alado
Das falanges de muitas eras atrás
Ensinou-me a evocar
A pirâmide branca
De cume dourado...
Como o ótico de Haia
Vi a luz em reflexão
Dos confins do Cosmos
Até este nosso mundo
– Charco de solidão
IV.
Eis me aqui envolto em rede
De luz eterna
Tecida entre dois planos
Tão próximos
Tão distantes...
Eis o que sei por ora:
O amor está dentro
O amor é um fio
Mas a luz vem de fora
Agora, em silêncio profundo
A cangoma ainda toca...
Da outra ponta do mundo
Um fio é puxado
E todos os anjos
E pretos velhos
E todos os rabis
E neófitos
E todos os pensamentos em reflexão
Pendem
Na sua direção
– Quer compreendam
Quer não...
raph’12’A.’.A.’.
***
Crédito da imagem: James Turrell
Reflexão
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A melodia
É como o lamento da flauta na floresta
Um tamborilar a ecoar pelo tempo
A persistente harmonia em tudo que nos resta
Quando nos voltamos para dentro
É como a calmaria antes da tempestade
No mar do ser: na praia de cada ilha
No céu: as estrelas em sua majestade
Cintilam na alma: “bem vinda, querida filha”
E então ela dança: cada movimento
É como a história de uma vida
A girar por este momento
Quantos passos de dança,
quantas vidas e amores,
Compostas pela eterna melodia
A ecoar como um chamamento:
“tenha esperança!”
raph’12
***
Crédito da imagem: Raghu Rai
A melodia
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