quarta-feira, 21 de agosto de 2013
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Entre pesos, medidas e preconceitos, quem é você ?
Que "beleza não se põe na mesa",
todo mundo já ouviu falar.
Entretanto, que preconceitos existem aos montes
e constrangem muitas pessoas,
também sabemos muito bem!
E quando se trata de corresponder
ao modelo (ilusório) de perfeição
que "o mundo" nos cobra insistentemente,
parece que seriam raras as pessoas
que nunca se sentiriam devendo em algum quesito.
Atualmente, o foco da polêmica está
sobre a "gordinha e virgem"
da tal novela das nove.
Vários estereótipos unidos num mesmo cenário.
Porque incomodadas com as dificuldades
que enfrentam nos relacionamentos,
tanto o personagem como muitas pessoas
na vida real terminam acumulando
uma série de frustrações:
baixa autoestima, insegurança, sentimento de inadequação e rejeição, tristeza, solidão, falta de noção do quanto podem se colocar nas situações cotidianas, entre tantas outras.
Mas se tudo isso é verdade,
existe também o outro lado.
Isto é, nem todas as pessoas acima do peso
ou que sustentam características que fogem
do padrão de beleza normatizado
pelos meios de comunicação em massa
se sentem assim,
como se não pudessem ocupar seu lugar no mundo. Muitas, pelo contrário,
estão bem satisfeitas com sua singularidade
e com quem são.
Especialmente porque conseguem reconhecer
que são bem mais que um determinado padrão.
Qual a diferença entre elas?
O que faz com que uma pessoa aceite
ser engessada em estereótipos e outras não?
Por que algumas vestem a carapuça de gordinha, magrela, negra, branquela, baixinha, "
pau de vira tripa", torto, narigudo, bocão,
orelha, entre outros milhares de apelidos pejorativos
e que evidenciam alguma falta
ou algum excesso do ponto de vista
da perfeição inexistente...
enquanto outras simplesmente dão de ombros
para tais detalhes e vivem de bem
com seus belos e ímpares "defeitos"?
Além disso,
quantos de nós passaríamos ilesos
pelo crivo da perfeição absoluta?
Penso que a principal questão seja:
com quem você se compara?
Para quê?
Com que objetivo?
Para se diminuir ou para trazer à tona o seu melhor? Qual o seu padrão?
Será mesmo que existe um padrão estático
e que precisa ser mantido a qualquer custo?
Pra quem?
Quem gosta de você, gosta do que exatamente?
Será que não são justamente
seus aparentes defeitos que sustentam
suas mais incríveis qualidades?
Será que você seria tão especial
se beirasse a tal perfeição que é,
em última instância, inconsistente,
relativa e completamente insustentável?
Pois bem, que todo mundo quer ser bonito
e estar de bem consigo mesmo, é indiscutível.
Mas convenhamos,
já que é de novela que estamos falando,
é fácil refletir:
pense na bela e perfeita atriz.
Qualquer uma que você considere linda.
Lembre-se de um personagem que ela fez
que era mau: egoísta, mentiroso, perverso,
dissimulado, interesseiro, violento etc..
Enfim, uma pessoa detestável.
Agora,
lembre-se de outra atriz que você
nem acha tão bonita.
Em contrapartida,
seu personagem era sincero, amigo, honesto, bom, carinhoso, companheiro.
Enfim, uma pessoa adorável.
Quem se tornou, ao longo da trama,
mais encantador, mais belo, mais "perfeito"?
Não é preciso ser mestre em estética
para saber que o que sustenta a beleza de uma pessoa está muito, muito além de seus traços,
de suas medidas e de seu peso.
Tem a ver, sobretudo,
com quem a pessoa acredita que é.
E de que modo ela se mostra ao mundo!
A beleza começa sempre de dentro para fora,
por mais clichê que essa afirmação possa lhe soar.
Rosana Braga
Entre pesos, medidas e preconceitos, quem é você ?
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Estranho tempo
Estranho tempo em que temos tantos aparelhos
para ganhar tempo,
e não temos tempo
para contemplar o simples,
o que é belo…
Estranho tempo em que pessoas
decidem levar vantagens sobre as outras,
e dizem que se amam, que se respeitam…
Estranho tempo onde a estação de frio tem calor,
e na de calor esfria.
E as pessoas acham tudo lindo,
de acordo com suas conveniências.
Estranho tempo onde as mentiras
parecem verdades absolutas,
e muitas verdades já são consideradas mentiras.
Estranho tempo onde se diz “eu te amo”
com tanta facilidade,
que as vezes não dura
dois cliques do velho mouse…
Estranho tempo onde ser feliz
é “possuir”, é o “ter”,
até a dor nos visitar e lembrar-nos que é preciso
“ser”.
Estranho tempo onde não conversamos, teclamos.
Já não fazemos amor, sensualizamos.
Já não nos beijamos apaixonadamente,
trocamos de boca.
Já não temos tempo para um banho demorado,
nos lavamos.
E no meio de tantos desencontros,
almas aflitas gritam,
no meio da depressão que nos consome,
buscam carinho.
Carinho que se perdeu na troca fria de mensagens,
que hoje já não valem mais nada.
Estranho tempo, onde temos saudades
do que ainda não vivemos.
Paulo Roberto Gaefke
Estranho tempo
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