quinta-feira, 25 de abril de 2013

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Mistério - Florbela Espanca

Mistério - Florbela Espanca
 
 Gosto de ti, ó chuva, nos beirados, 
 Dizendo coisas que ninguém entende! 
 Da tua cantilena se desprende 
 Um sonho de magia e de pecados. 
 Dos teus pálidos dedos delicados 
 Uma alada canção palpita e ascende, 
 Frases que a nossa boca não aprende, 
 Murmúrios por caminhos desolados. 
 Pelo meu rosto branco, sempre frio, 
 Fazes passar o lúgubre arrepio 
 Das sensações estranhas, dolorosas… 
 Talvez um dia entenda o teu mistério… 
 Quando, inerte, na paz do cemitério, 
 O meu corpo matar a fome às rosas!

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