domingo, 2 de junho de 2013

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Em todos os jardins

Em todos os jardins 
 Em todos os jardins hei-de florir, 
Em todos beberei a lua cheia, 
Quando enfim no meu fim eu possuir 
Todas as praias onde o mar ondeia. 
 Um dia serei eu o mar e a areia, 
A tudo quanto existe me hei-de unir, 
E o meu sangue arrasta em cada veia 
Esse abraço que um dia há-de abrir. 
 Então receberei no meu desejo 
Todo o fogo que habita na floresta 
Conhecido por mim como num beijo. 
 Então serei o ritmo das paisagens, 
A secreta abundância dessa festa 
Que eu via prometida nas imagens. 

 Sophia de Mello Breyner

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