domingo, 17 de março de 2013

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Tanto mais eu te contemplo

Tanto mais eu te contemplo 

Tanto mais eu te contemplo 
tanto mais eu me absorvo 
e me extasio. 
 Como te explicar 
o que em teu corpo eu sinto, 
o que em teus olhos vejo, 
quando nua nos meus braços 
nos meus olhos nua, 
de novo eu te procuro 
e no teu corpo vou-me achar? 
 Como te explicar 
se em teu corpo eu me eternizo 
e de onde e como sendo eu pequeno e frágil 
pelo amor me dualizo? 
Tanto mais eu te possuo 
tanto mais te tornas bela, 
tanto mais me torno eu puro. 
 E à força, 
de tanto contemplar-te 
e de querer-te tanto, 
já pressinto que em mim mesmo 
eu não me tenho, 
mas de meu ser, 
ora vazio, 
 pouco a pouco fui mudando 
para o teu ser de graça cheio. 

 Affonso Romano de Sant'Anna

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